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terça-feira, 1 de julho de 2014

Eu não sei qual o problema dela.

Ela gasta duas horas para se sentir bonita para um almoço no domingo na casa dos meus pais. Ela reclama que precisa emagrecer, mas não dispensa um brigadeiro de panela no sábado à noite enquanto assiste pela centésima nona vez “Um homem de Sorte”.
Ela vive reclamando de como os saltos altos machucam seus pés, mas não deixa de usá-los nem em festa de criança em buffet.
Ela tem uma mania chata de pentear o cabelo a todo o momento, em meu carro, no estacionamento, se duvidar em frente à igreja, pois pensa que qualquer vento é capaz de despenteá-lo.
Ela tem aquele olhar que me fuzila toda vez que falo palavrões e xingo os parentes do juiz enquanto assisto qualquer partida do meu time.
Ela diz que eu tenho que cortar o cabelo e fazer a barbar, mas eu sei que ela prefere meu cabelo bagunçado e a minha barba por fazer. Ela também diz que prefere que eu dirija, mas eu sei que ela adora a sensação de liberdade que o vento traz quando bagunça os cabelos que ela tanto insiste em pentear.
Eu odeio essas inconstâncias delas.
Mas são essas inconstâncias, somadas ao fato de que em todo o resto ela consegue se aproximar da perfeição em todas as letras e me traz uma felicidade imensurável que vejo o quanto eu a amo.  E, a partir disso, vejo o quanto essas inconstâncias são pequenas diante de todos os outros motivos que me fazem amá-la.
...Ao fato de que para mim, as olheiras que ela carrega consigo só demonstram esforço que ela faz a semana inteira para se sentir independente. E o olhar fuzilante durante uma partida de jogo, na verdade, é apenas um olhar de repreensão para ela mesma porque ela saber o quanto aquilo a diverte.  E para mim, ela não precisa usar aqueles saltos para se sentir mais alta e bonita... Toda aquela pequenez dela, a faz minha baixinha. A minha baixinha que chora com filmes de romances tão previsíveis e eu, eu a assisto com todo o carinho enquanto ela está concentrada assistindo-os...
Eu não sei qual o meu problema, afinal. Não sei qual o problema comigo por encontrar em um novo pequeno detalhe mais um motivo para amá-la. 

E.R.