Tenho medo dessas mudanças de
humor repentinas. Tenho medo de lágrimas pesadas no meu rosto; tenho medo da
risada mais espontânea.
Tenho medo da incerteza. Do não
saber. Do desconhecido. Da inconstância dos fatos. Tenho medo dessa facilidade do estar e não
estar.
Eu tenho medo do meu trabalho. De
saber que serei apenas um outro parafuso que logo menos será substituído por
outro e esse outro por outro. Eu tenho
medo por não ter um parâmetro do quão longe eu posso ir, até onde sou permitida
e até onde confiam no meu trabalho. E tenho mais medo ainda de confiarem no meu
trabalho e eu não for capaz. Eu tenho medo de não atender as expectativas
alheias.
Eu tenho medo do amor que sinto
por você. Mas pelo menos sou logo amparada por seu abraço e seu amor...
Eu tenho medo de perder as
pessoas que eu mais amo. E perder por coisas banais. ...Eu sei que isso vai
acontecer uma hora ou outra.
Eu tenho medo sim do escuro e
ainda mais quando chove ou quando estou sozinha.
Eu tenho medo da sanidade porque
o louco se acha são e o são se acha louco. Assim como o medo do que é bonito.
Eu tenho medo do tic tac do
relógio que só anuncia o fim e o início de um segundo da nossa vida. Esse
barulho contínuo irrita! E porque mostra que eu tenho menos tempo ainda para
recuperar qualquer suspiro.
Eu tenho medo de arredondamento e
de tudo o que de fato é x e que se mostra y.
Eu tenho medo de palavras.
Palavras mal ditas, não pronunciadas ou incompreendidas. Tenho medo das
palavras que mentem e daquelas que ferem – não há remédio que cure qualquer
ferida causada por palavras.
Sou
medrosa... O último que sair, por favor,
apague luz.